Sabia que desde o início da pandemia as fraudes e burlas aumentaram exponencialmente? Infelizmente os casos continuam a aumentar todos os dias. Por essa razão, reunimos algumas dicas que o vão ajudar a identificar estas situações.
Só no primeiro trimestre de 2020, o Portal da Queixa registou 1.377 reclamações relativas a esquemas de burla e fraude. Um aumento de 34% comparativamente ao mesmo período de 2019. Por outro lado, a DECO registou um aumento de 250% de reclamações relativas a compras online, sendo que em muitos casos os consumidores ficaram sem o produto e sem o dinheiro.
A pandemia e o aumento da utilização da internet, resultaram numa maior exposição do consumidor aos perigos online. As queixas vão desde a compra de produtos que nunca foram entregues, burlas de falsas insituições financeiras e até mensagens e emails fraudulentos.
Principais Fraudes e Burlas
O Portal da Queixa revelou algumas das principais burlas que estão a ser praticadas:
Roubo através da Aplicação SIBS – MB WAY
O problema não está relacionado com a segurança da aplicação, mas sim com o desconhecimento dos utilizadores. Neste caso, a burla acontece frequentemente na venda de produtos entre particulares.
O Portal da Queixa explica o método: “o potencial comprador convence a vítima que apenas o pode pagar por MB WAY. Depois, convida a vítima a ir a uma caixa Multibanco e a colocar o seu cartão bancário, acedendo ao registo na aplicação MB WAY. Nesse momento, consegue de forma ardilosa que a vítima coloque o número de telefone do alegado burlão, como titular do acesso à conta, permitindo o levantamento imediato de montantes em dinheiro. Depois, desliga o telefone, deixando a vítima sem dinheiro na conta”.
SMS e Emails fraudulentos em nome dos CTT
O consumidor, neste caso a vítima, recebe uma mensagem para realizar o pagamento de uma taxa. Essa taxa servirá para desbloquear a encomenda de um equipamento telefónico de última geração que aguarda na alfândega.
Contudo, o valor proposto, além de ser muito inferior ao equipamento, é apresentado como um prémio de um concurso. Ou seja, por apenas 1 euro, o consumidor pode receber a oferta.
Falsos passatempos em nome da Worten ou Continente
O objetivo da mensagem é levar a vítima a acreditar que venceu um sorteio. Por isso, para levantar o prémio, deve clicar na ligação enviada por SMS. Contudo, essa ligação nada mais é do que um formulário criado para roubar dados pessoais e bancários. Para além disso, a vítima ainda realiza a subscrição paga para receber SMS’s (cerca de 5 euros por semana retirados do saldo de telecomunicações).
SMS e Emails para pagamento de dívidas à EDP ou MEO
A vítima recebe uma comunicação por SMS ou email com um aviso para pagamento da dívida. Porém, esse pagamento tem um prazo muito reduzido (por exemplo, “nas próximas horas) para evitar o corte do serviço.
Segundo alerta o Portal da Queixa, “um ponto em comum nestas comunicações, é o horário em que são enviadas, normalmente ao final do dia, com vista a que o consumidor (vítima) não tenha a possibilidade de contato com o prestador e assim efetue o pagamento, com receio de não ficar privado do serviço.”
Outros tipos de Burlas e Fraudes
Para além das burlas e fraudes detalhadas pelo Portal da Queixa, é importante que identifique outras ameaças:
- Downloads Suspeitos: por vezes, ao navegar por alguns sites, é pedido que faça o download de algum ficheiro. Porém, esse ficheiro (que pode ser um vírus, software, etc), recolhe os dados pessoais da vítima e, em casos mais graves, os dados bancários;
- Pedido de Dados Bancários: estes pedidos podem acontecer através de qualquer meio de comunicação, inclusive redes sociais;
- Concursos, Ofertas e Passatempos: são exigidos os dados pessoais para envio de prémios ou para participação de sorteios. Depois, ainda é pedido o pagamento de algum valor monetário. Isto tanto acontece online, como por SMS ou chamada telefónica;
- Promessas “milagrosas”: propostas de ajuda financeira, negociação de créditos com condições inacreditáveis, investimentos que o vão deixar rico num mês, etc;
- Promoções e “Pechinchas”: por exemplo, produtos à venda por valores muito baixos, com ofertas especiais, envios gratuitos, etc.
- Pressão do Vendedor: exigência imediata do pagamento do produto (por exemplo, o vendedor aproveita-se da urgência que o comprador tem no produto para lhe exigir o pagamento na hora ou mais dinheiro).
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CUIDADOS A TER
Reunimos algumas dicas que o vão ajudar a evitar este tipo de situações, especialmente nesta fase da pandemia em que certamente utiliza mais os canais online para comprar ou até aderir a algum serviço:
- Não preencha formulários de fontes desconhecidas nem envie, por exemplo, os seus dados pessoais ou bancários;
- Fique atente aos sinais mais simples com o endereço de email usado (por exemplo, o nome é estranho?) ou a forma de escrita (erros, traduções mal feitas, etc);
- Pesquise a forma de pagamento: deve sempre pesquisá-la no Google para despistar a burla através da opinião de outros consumidores;
- Crie sempre passwords seguras e troque com frequência: use algarismos, caracteres especiais e letras maiúsculas e minúsculas, por exemplo;
- Proteja o seu computador com um bom anti-vírus;
- Nunca clique em links enviados por desconhecidos;
- Cuidado com domínios falsos, principalmente os parecidos com domínios de instituições oficiais, como por exemplo as Finanças ou Bancos;
- Leia sempre os termos e condições dos sites ao subscrever algum serviço, assim como as newsletters;
- Reveja as configurações de privacidade das suas redes sociais e os cookies no browser que usa;
- No caso de se tratar de contactos com instituições como bancos ou sociedades financeiras, verifique, através so site do Banco de Portugal, se essa entidade tem autorização para realizar a operação a que se propõe;
- Procure comprar em sites ou lojas online seguras, ”certificadas”, recomendadas ou conhecidas, de preferência que indiquem o seu objeto social. Assim, consegue verificar a idoneidade;
- Habitue-se a pesquisar no Google todas as informações sobre a empresa ou até a pessoa individual, mesmo que só tenha um contacto de telefónico ou email.
Fraudes e Burlas – Agora que já conhece as nossas dicas, fique atento e proteja-se!
Lembre-se: sempre que tiver dúvidas, não pague nem envie nenhum dado pessoal e apresente queixa.
Pode fazê-lo junto das autoridades (por exemplo, à PSP, à GNR, à Polícia Judiciária ou ao Ministério Público). Contudo, se for uma entidade que se dedique a atividades financeiras ilegais, não deixe de reportar essa situação ao Banco de Portugal. Deixe também a sua queixa/reclamação em sites como o Portal da Queixa, Livro de Reclamações Online, ou DECO. É importante que partilhe o seu caso nestas plataformas para informar os outros consumidores.
Como reforçou o Portal da Queixa, “é fundamental que os consumidores estejam muito atentos a novas formas de burla, tendo em conta a massiva migração dos seus hábitos de consumo para os canais digitais, sem o tempo necessário para uma aprendizagem que permita adquirir experiência e conhecimentos de segurança para uma navegação consciente.”
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