Revisão do Crédito Habitação: há bancos a fazer 0.75% de spread

Conselhos do Consultor
2023-03-10
11 minutos
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Revisão do Crédito Habitação

Durante a vigência de um contrato de crédito habitação, é direito do cliente tentar rever as condições do seu crédito, seja dentro ou fora do banco. As condições de financiamento vão-se alterando e já há bancos a oferecer 0.75% de spread.

A prestação do crédito habitação é um encargo muito significativo que, na maioria dos casos, se prolonga por muitos anos. Com subida das taxas de juro, esse encargo tornou-se ainda mais pesado para uma grande parte das famílias. Por essa razão, é sempre uma boa opção rever o crédito habitação e tentar negociar melhores condições relativamente às inicialmente acordadas. Neste artigo explicamos-lhe como o pode fazer, quais os cuidados a ter e quanto pode poupar.

A revisão do Crédito Habitação vale a pena?

Em primeiro lugar, precisa de responder a uma pergunta: qual é o spread associado ao seu crédito habitação? Ora, já há algum tempo que se tem verificado uma descida do spread abaixo de 1% e até já há bancos a oferecer 0.75% de spread. Por isso se o seu spread for significativamente superior, então significa que está na altura de rever o seu crédito habitação.

É importante que entenda que, no decorrer dos anos do crédito, é natural que existam variações nas condições de financiamento, sejam elas positivas ou negativas para o cliente. Atualmente, as taxas de juro praticadas estão bem mais altas, o que é algo negativo para quem já tem um crédito em vigor, mas também para quem ainda vai aderir a um. Neste caso, o cliente não consegue controlar as subidas da Euribor. Contudo, há condições do contrato que podem ser revistas. O cliente não é obrigado a ficar “preso” às mesmas condições ou ao mesmo banco durante décadas.

A revisão das condições do crédito habitação é ainda mais relevante para quem contraiu o crédito há bastante tempo. O mais certo é que, para contratos de crédito habitação mais antigos, o spread seja significativamente superior.

Mas os juros não são a única coisa que precisa de analisar. Ainda que tenha um spread baixo, isso não significa que não seja possível poupar noutros produtos ou serviços associados ao crédito, como é o caso do Seguro de Vida, por exemplo.

De uma forma resumida, rever e transferir o crédito habitação pode trazer-lhe estes benefícios:

  • Melhor spread;
  • Alteração da taxa em vigor (fixa, variável ou mista);
  • Garantir o melhor Seguro de Vida;
  • Alterar outras condições como o prazo de amortização e os produtos bancários (custos do Cartão de Crédito, por exemplo).

Quando falamos em rever o crédito, isso pode significar uma renegociação junto do banco atual ou então a transferência do crédito para outro banco.

O que deve fazer antes de tomar uma decisão

Decidir rever e transferir o crédito habitação para outro banco, vai exigir que passe pelo processo inicial de quando decidiu contrair o crédito. Ou seja, vai ter que analisar algumas propostas e comparar as diferentes condições. Por isso, não tome uma decisão de um dia para o outro pois é preciso fazer algumas contas.

Existem dois indicadores que são importantes para comparar as diferentes propostas:

  1. TAEG (Taxa Anual de Encargos efetivos Globais)
  2. MTIC (Montante Total Imputado ao Consumidor)

Estes dois indicadores refletem todos os custos do crédito como juros, comissões, seguros e outros encargos associados. De uma forma resumida, a TAEG expressa todos os custos do crédito em percentagem anual (ou seja, aglomera todos os encargos associados ao crédito). Já o MTIC representa o valor global a pagar pelo empréstimo (montante total do empréstimo + todos os encargos associados).

Pode utilizar a TAEG e o MTIC para comparar as diferentes propostas de crédito à habitação, mas não fique por aqui. É preciso analisar todas as condições associadas. Por exemplo: uma determinada proposta pode ter uma TAEG baixa, mas o seguro de vida, por exemplo, não ter a melhor cobertura. Por isso, a TAEG e o MTIC só seriam 100% fiáveis em comparações de propostas de crédito 100% idênticas, o que é difícil de conseguir.

Toda a informação necessária para comparar as várias propostas está na Ficha de Informação Normalizada Europeia (FINE). Este é um documento que deve ser cedido pelos bancos quando solicita uma simulação.

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Leia também: Subida das taxas de juro – E agora?

Quanto se pode poupar?

Como já explicámos anteriormente, antes de tomar a decisão final de transferir o seu crédito habitação, é preciso analisar e comparar as diferentes opções do mercado. Tudo vai depender das condições atuais do seu crédito e daquelas que conseguir negociar com outros bancos. Por vezes, pode até nem compensar fazer a transferência.

Se precisar de ajuda nessa tarefa, preencha este formulário. A nossa rede de parceiros está disponível para ajudá-lo nesse processo, sem qualquer custo. Depois de preencher o formulário, os nossos parceiros entram em contacto consigo para lhe apresentarem uma proposta adaptada ao seu caso, sem qualquer compromisso. É importante que entenda que esta ajuda pode fazer toda a diferença para tomar a decisão mais vantajosa.

Mas vamos a números. Para perceber quanto é que pode poupar na prática, o melhor mesmo é apresentar-lhe um caso real. A nossa rede de parceiros foi contactada por uma família com um crédito habitação com estas condições:

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Detalhes do Crédito Habitação

  • Prestação: 375€/mês
  • Spread: 1,85%
  • Dívida Total: 123.000€
  • Seguro de Vida: 39,06€/mês [com a cobertura mais “fraca” – Invalidez Absoluta e Definitiva (IAD)]

Após a análise dos nossos parceiros, a transferência do Crédito à Habitação para outro banco resultou nestas novas condições:

 
BANCO ANTIGO
BANCO NOVO
Valor em dívida 123.000€ 123.000€
Spread 1,85% 1,1%
Prestação Mensal 375€ 332€
Seguro de Vida 39,06€/mês
Apenas Cobertura IAD
28,92€/mês
Melhor Cobertura – ITP
Poupança estimada até ao final do contrato: 17.544€ (Crédito Habitação) + 4.137,12€ (Seguro de Vida)

Com a ajuda dos nossos parceiros, esta família passou a ter um alívio na prestação mensal (redução do spread para 1,1% e nova prestação de 332€/mês). E o que significa isto em termos de poupança? Ora, isto resulta numa poupança de 43€/mês (multiplicado por 408 meses). Ou seja, vai conseguir poupar 17.544€ até o Crédito Habitação terminar.

Depois, temos também que olhar para o Seguro de Vida. No novo banco, passou a pagar ficou a pagar 28,92€/mês, traduzindo-se numa poupança base de 4.137,12€ (sem ter em conta a evolução dos prémios ao longo da idade, que faz ainda aumentar substancialmente este valor). Mas há outra alteração muito relevante: passou a ter a melhor cobertura do seguro, a ITP (Invalidez Total e Permanente). Entenda porque é que esta alteração da cobertura do Seguro de Vida é tão importante

Mas as contas não terminam aqui. Esta família também pagava encargos bancários associados: 5,50€ de mensalidade no banco, 1,15€ de custos do Cartão de Crédito (mensalidade + anuidade) e ainda 3,02€ de processamento da mensalidade. Após a transferência, essas despesas passaram para 3,50€/mês. Ou seja, uma poupança total de 2.517,36€ no final do novo contrato.

Assim, no total, a transferência do crédito habitação representou uma poupança de 24.198,48€. [/box]

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Leia também: Poupe ao transferir o Seguro de Vida do Crédito Habitação

Medidas de Apoio ao Crédito Habitação em 2023

Não se esqueça que estão em vigor várias medidas de apoio para quem tem crédito habitação. Entre essas medidas está a obrigatoriedade do banco renegociar as condições do crédito sempre que se verifique um aumento significativo da taxa de esforço do cliente. No artigo “Todas as medidas de apoio ao Crédito Habitação em 2023” encontra essa e as medidas que pode beneficiar durante este ano.

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Leia também: Crédito Habitação – Como renegociar com o banco?

 

 

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